A música tem um poder tão indescritível que em muitos casos só é possível sentir os efeitos que ritmos, harmonias e melodias provocam em toda natureza. Todos os seres vivos são tocados pelo poder das vibrações musicais. Ela tudo permeia e a todos ela sempre diz algo sem palavras, nossas mais profundas percepções recebem comunicados a cada momento ao mínimo contato com as vibrações e ondas sonoras. Tamanho poder esse que qualquer contato que tenhamos com o som ou vibrações em nós, são liberados diversos sentimentos, percepções ou visões sobre qualquer coisa, ainda que de forma subjetiva. A música nos traz tudo isso diretamente pelo seu toque. Algo além das três dimensões conhecidas, a música nos leva ao êxtase sensorial e nos faz transitar na dimensão do tempo e espaço, onde podemos reviver sentimentos do passado e sentir realidades que ainda não vivemos, daí percebemos lugares, sabores, fragrâncias e texturas por meio dos sons. Sensações são percepções inicias de tudo que ouvimos com os sons musicais, e é por meio delas que apreciamos, nos afastamos, gostamos, refletimos, nos inspiramos e podemos até tomar decisões sobre inúmeros assuntos de vida quando nos conectamos com a arte de apreciar consciente ou inconscientemente uma canção, um ritmo, uma simples melodia ou uma grandiosa obra. A música é a passagem para o mundo perceptivo da mente, virtual, metafísico ou espiritual, como cada um prefere chamar, e é onde os 5 sentidos aguardam ansiosos suas novas Sensações.

Músicas

1 - Nativos
00:05:43
2 - Mexidão
00:07:05
3 - Coisas de Lá
00:06:28
4 - O andarilho
00:05:55
5 - Sensações
00:06:48
6 - Madrugada
00:06:16
7 - Saudades do Futuro
00:06:05
8 - Xote Candango
00:05:37
9 - Fastgroove
00:05:59
10 - Tributo MB
00:07:05
Nativos – Esta faixa inicia o disco grande reverência às minhas raízes. Com pais de Itapajé, Ceará, cidade de ricas tradições familiares e mais de 60 músicos na família, reconheço a riqueza que a música dessa região tem e contribuiu para a nossa história. Nativos expressa nossa essência e consciência primária: Tal como uma grande árvore para crescer necessita de raízes profundas, precisamos de nossa história para avançar, pautados no que somos em nossas raízes, evoluindo sem perder a originalidade. 

Mexidão - Um bom Mexido de carne seca e outros ingredientes ninguém dispensa, imagina se isso vira Baião com harmonia de Blues, um pouco de Luiz Gonzaga, Dominguinhos e uma pitada de James Brown com Thelonius Monk! Se música fosse comida ninguém dispensaria esse Mexido. Desse paralelo de sabores surgiu esse groove arretado!

Coisas de lá – Minha homenagem à cultura nordestina. Aos costumes familiares, tradições, culinária, história de seu povo e toda riqueza de ritmos, melodias que nasceram no berço de suas terras.  Uma sequência de diferentes ambientes sonoros retrata um pouco da diversidade e criatividade que emerge sempre do povo. Muita luta, garra, vontade de vencer todos os dias fortalecem qualquer povo na história da humanidade.

Andarilho - As aventuras de um plebeu, a vida dinâmica de um andarilho, que ora corre, cansa e volta a sua caminhada buscando fôlego para uma nova aventura. Corre o risco a todo momento mas também encontra momentos de tranquilidade em suas andanças. Sua vida é um mistério pra todos que o vê, porque ninguém sabe a dor e prazer que um andarilho sente. Vida descontinuada e desapegada de muitas coisas, mas não da vida em si.

Sensações – Os nossos 5 sentidos trabalham atentamente a cada novo evento sensorial. Seria impossível descrever tudo que sentimos e o efeito mental e corpóreo de tudo isso. As vibrações causadas pelos sons nos dão infinitas percepções e nos conduzem a viver além do tempo e espaço. Diferentes dimensões são reveladas a cada momento e o toque de cada ritmo, acorde e sequência melódica são fios condutores para esses insights. A música sempre cumpre o seu papel que é de fazer viver infinitas sensações.

Madrugada - Uma balada com apelo à reflexão das coisas simples da vida. A melodia é como uma simples oração espiritual de 4 frases, onde as notas abordam o caminho da sinceridade, devoção e paz ao fim de cada dia. Um indivíduo que ao se deitar ou acordar pela madrugada divaga em seus pensamentos sobre si mesmo. A cada frase o emocional reage ao racional e vice versa.  Os dois lados interagem e buscam o equilíbrio até que ele retorna a melodia principal e todas as partes se unem sob o ser espiritual que é maior que o mental e corpóreo. 

Saudades do futuro - Quando desejamos algo e isso é bom logo passa, deixa saudades. Transmuta em algum momento de sonho para passado. Esse tema trata de esperança, o sonhar, refletir e a procura pela paz de espírito. Aproveitar o presente sem a ansiedade do futuro e sem se deprimir com o passado. Que este seja o combustível para novas realizações. A saudade do que ainda não vivemos e como a música nos faz viajar no tempo e viver o futuro por meio de percepções. 

Xote Candango – Me vi em uma festa Junina com muita gente, famílias, crianças brincando, aquelas rodas com fogueira, muitas especiarias, bate papo, revendo amigos e tocando algumas músicas de roda que todo mundo gosta. Daí nasceram 4  pequenas e simples melodias que ao tocar me levam sempre a imaginar que estou nessa festa popular, rodeado de amigos e familiares.

Fastgroove – A vida de cidade grande é badalada, até mesmo no descanso, porque o corpo para mas não a cabeça. Corremos muito e sempre nos falta tempo, mas não é ruim, porque cada um cria sua própria dinâmica. Existe violência, ansiedade, medos e frustrações. Mas também a chance de sempre realizar algo, produzir bons momentos desde uma pequena reunião de amigos até uma festa dançante.

Tributo MB – Michael Brecker foi um dos saxofonistas que mais estudei. Sua técnica limpa e sua forma decisiva de tocar me impressionaram desde o primeiro momento que o escutei aos 14 anos. Sua contribuição desde os anos 70 para a divulgação do saxofone e suas possibilidades aguçou a percepção de um incontável número de saxofonistas e outros músicos.  Essa balada foi composta no período dos últimos meses de sua vida como forma de gratidão ao legado e importância dele em minha trajetória como saxofonista. 
John Coltrane, Wynton Marsalis, Bob Mintzer, Michael Brecker, Dave Liebman, Wayne Shorter, Joshua Redman, Eddie Daniels, Pat Metheny, Miles Davis, Freddie Hubbard, Woody Shaw, Branford Marsalis, Russel Ferrante, Jaco Pastorius, Jeff Tain Watts, Brian Blade, James Brown, Beatles, Hermeto Pascoal, Seu Jorge, Don Byron, Luiz Gonzaga, Dominguinhos e Gilmar Black.
Ademir Junior – Sax Tenor, Clarineta e EWI
Moises Alves – Trompete
Marcos Wander - Trombone
Alex Carvalho – Guitarra
Marcelo Corrêa – Piano Elétrico
Hamilton Pinheiro – Baixo Elétrico
Guilherme Santana - Bateria
Carlos Pial – Percussão

Participações especiais:
Mario Morejon El Indio - Trompete em Andarilho
Sidmar Vieira - Trompete em Nativos
Junior Ferreira – Acordeon em Xote Candango
 
Direção Executiva – Kirla Pignaton
Direção Artística e Musical: Ademir Junior
Foto e Designer Gráfico: Karina Santiago
Tradução de textos: Rogério Prada Alves
Técnico de Gravação – Felipe Araújo
Mixagem e Masterização – Marcos Paulo

Gravado no Órbis Estúdio, nos dias 14,16,20 e 21 de Abril de 2015.

Composições e arranjos: Ademir Junior
Nativos – Inicia com uma clara devoção a John Coltrane usando uma frase que ele citou repetidas vezes no seu álbum “A Love Supreme“ que esse ano faz 50 anos que foi lançado. Esse motivo melódico se tornou uma importante referência ao ícone, sendo citada por grandes músicos de jazz sempre em ciclos de quartas ou sem uma sequencia lógica. Eis a temática inicial, D, F, G. Em Nativos a frase tem apenas um compasso em 7/8 e depois o groove da música se desdobra em 3/4 e 5/8, formando na verdade ciclos de 11/8. A melodia desse groove tem influência afro e lembra a batida de tambores mais primitivos. Após duas frases iniciais nesse groove e ciclo no modo frígio, base e melodia intercalam contratempos e sincopes num 4/4 sugerindo uma ilusória aceleração de 25% mais rápido que o tempo original, mas a melodia permanece, combina vozes em quartas entre o sax com guitarra na primeira voz e o trompete na segunda voz. Logo depois aparece uma levada afro com acordes de maj7 descendentes tom a tom para entregar ao primeiro e segundo solista. O primeiro solo é em 3/4 com harmonia no modo frígio em dois acordes. O baixo sugere uma linha de 4/4 com o andamento 25% mais rápido, o que gera uma polirritmia multiplicando as possibilidades de tempo rítmico do solista. O segundo solo traz o groove em 4/4 do tema e segue a mesma harmonia do primeiro solista. Esse groove se estende após o final do solo com um especial de sax e guitarra com várias melodias em quartas e alternâncias rítmicas que desmembram essas melodias em tempos menores e diferentes e mais espaçados. O clima crescente culmina no solo de piano solo em 3/4 e uma nova harmonia modal com acordes que apareceram lá atrás no ritmo afro do tema. Primeiramente eles aparecem com o tempo dobrado e depois com um novo riff de baixo e sax onde tempo se estabelece até chamar novamente o tema final.

 Mexidão - É um nome ambíguo, porque pode fazer referencia as vários típicos pratos brasileiros como também aos vários estilos contidos nesse baião blues. A primeira parte é um blues tradicional, e a segunda um blues de 14 compassos, com alterações harmônicas, mas preservando os acordes dominantes característicos do blues. O groove inicial do baixo permanece sempre na primeira parte. Esse groove foi a célula inicial da música e somente após 4 meses é que surgiu a melodia e a continuidade de todo o tema. O tema é recheado de citações, como os riffs do naipe que lembram James Brown, a melodia inicial que caracteriza o baião, e a resposta rítmica do quinto compasso leva para o ragtime, a finalização da primeira parte com desenhos do blues e acentuações rítmicas que servem tanto no funk como no baião. As duas intervenções da segunda parte feitas pelo piano e clarineta remontam o jazz tradicional e também a finalização da segunda parte em Db7. O break fecha o clamor do segundo tema dando lugar a finalização da melodia. Os dois últimos e excedentes compassos estendem o clima final do tema com uma citação de um tema de George Gershwin feita pelo naipe como fundo e entrega para os solos.

Coisas de lá - É um baião em F com quatro diferentes temas, climas e contextos harmônicos. Inicia com uma seção rítmica bem sincopada que é a base do primeiro tema. Depois mais três temas principais aparecem e servem de ponte para cada solista. A fusão do baião com melodias e harmonias orientais fica evidente no tema que antecede o improviso da clarineta. Um simples F7 recebe o reforço de alterações como b9, #11 e 13.  Com exceção da #9, a escala sugerida no solo é F, F#, A, Bb, B, C, D, Eb, um pouco diferente da dominante diminuta. Em um pequeno trecho do terceiro tema aparece uma citação de 3 compassos em um ritmo afro em 6/8, isso aparece no inicio da música e logo depois do solo de clarineta.

 Andarilho – As aventuras de um plebeu, é esse o subtítulo dessa peça, sob a ótica de várias percepções e métricas rítmicas indicando a vida dinâmica de um andarilho, que ora corre, cansa e volta a sua caminhada buscando folego para uma nova aventura. Corre o risco a todo o momento mas também encontra momentos de tranquilidade em suas andanças. A proposta tem uma rápida introdução com várias mudanças de pulsação rítmica,  que aceleram e desaceleram em poucos compassos. O clima para o primeiro solista é em Baião sob uma harmonia de blues um pouco alterada. O segundo solo se desdobra em um walking bass 25% mais rápido do que o andamento original. A harmonia proposta é a mesma do primeiro solo porém com uma sugestão pré-estabelecida de outside para toda harmonia. O terceiro solo retorna com o tempo e ritmo original porém com uma temática harmônica em tons inteiros. No ápice do solo aparece uma aceleração de 5 tempos em 4/4 e depois o tempo oscila entre bossa nova e swing. O tema real tem apenas um compasso e aparece em vários momentos da obra até o final. Esse fragmento melódico é o mesmo usado no primeiro compasso em “Coisas de lá”, uma clara variação temática. Andarilho é inspirada no tema Knozz-moe-King do trompetista Wynton Marsalis.

 Sensações – Inicia com uma frase de 2 compassos no estilo Soul. Essa frase abre e fecha o tema. Logo depois inicia uma ostinato no piano em um compasso de 21/16. 5+5+5+6 ou 3+2, 3+2, 3+2, 2+2+2+2. Essa batida ficou comigo durante meses sem que nenhum melodia viesse a mente, mas se tornou quase um hábito cantar isso até que o ostinato do baixo apareceu dando maior sentido a idéia inicial. Apesar da aparente complexidade dos tempos, a idéia gira em torno de um quaternário alterado. Então surge uma melodia predominante que irá aparecer novamente em 4/4 e groove estabelecido. Foram criadas vozes sem conexão harmônica de uma nota para outra, todas as vozes com sons melódicos independentes geram em cada nota diversas percepções de acordes, quando tudo está sobre um simples Cm. Inserimos vozes percussivas também nesse trecho da música. O groove do piano vai pro baixo em uma nova forma, agora em 4/4 e mais espaçado se estabelecendo em 4 compassos, a guitarra vem também com um groove definido e a mesma melodia do inicio aparece agora em novo ambiente. Um segundo tema predominante aparece como um coro da música. Vozes em quartas pra metais que levam o tema até o ápice da música. Nos improvisos a harmonia que até então tinha apenas um acorde, começa a andar em 8 compassos. Ao final de cada solo o groove aparece como ponte para um novo solo. Sensações se caracteriza pelas várias sugestões rítmicas tanto na melodia quanto no groove original, uma sequência estilística do tema Camaleão gravado anteriormente.

 Madrugada – Uma balada com apelo a reflexão das coisas simples da vida. A melodia é como uma simples oração espiritual de 4 frases, onde as notas abordam o caminho da sinceridade, devoção e paz ao fim de cada dia. A segunda parte foi composta como uma reflexão mental de um individuo que ao se deitar ou acordar pela madrugada divaga em seus pensamentos sobre si mesmo. A cada frase o emocional reage ao racional e vice versa.  Os dois lados de uma mesma pessoa interagem e buscam o equilíbrio até que ele retorna a melodia principal e todas as partes se unem sob o ser espiritual que é maior que o mental e corpóreo.

 Saudades do futuro – Uma frase filosófica. Quando desejamos algo e isso é bom logo passa e deixa saudades. Então em algum momento isso é um sonho e depois apenas passado. O tema foi composto com introdução, tema inicial, interlúdio e um tema predominante que é repetido várias vezes no final como um mantra. Na harmonia usei uma sequência de acordes híbridos. Na verdade sons modais, acordes maj9 sem a terça no baixo, embora eu não prefira enxergar assim, pois apesar de parecer complexo soa doce e suave.  Essa proposta toda baseada em um afoxé na primeira e segunda parte. Depois uma nova melodia rítmica surge com interlúdio até entregar para o piano apresentar um novo ostinato continuo na mão esquerda. Esse ostinato continua com a entrada da base e o surgimento de uma nova melodia que será o tipo de coro ou apelo final do tema. Todas as melodias são bem diatônicas sobre harmonias modais.

 Xote Candango – Ficou guardada por 6 anos nos arquivos, pois quando composta em 2009 só tinha apenas a melodia. Toda estrutura harmonia, rítmica e arranjo foram deixados para um momento especifico, nesse caso a inclusão neste álbum.  São 4 pequenos temas em Bb, compostos de forma diatônica e células melódicas características do estilo. O tema todo foi composto inspirado como se tocado em uma festa junina, com crianças brincando, fogueira e muita comida. Algo bem rústico, simples e sem maiores ambições. Nos solos um pouco de modalismo no tom homônimo, de Bb para Bbm, na primeira parte e ao final do solo volta a harmonia do segundo tema. O clima tem uma variação rítmica do maracatu na primeira parte do solo e volta ao groove inicial na segunda parte do solo. Xote Candango é a música menos compromissada do álbum, que denota o lado mais popular e despretensioso do autor, buscando fortalecer e reafirmar suas raízes nordestinas com simplicidade e de forma inclusiva.

Fastgroove – A frase inicial da música foi o tema principal composto em 2005. Depois um groove modal com harmonia da introdução de Night in Tunisia do Trompetista Dizzy Gillespie, esse clima e groove desaparece quando o tema surge, com rápidas semicolcheias. Foram escolhidos arpejos, notas cromáticas de aproximação e notas repertidas. Elementos que aparecem na primeira parte do tema. Já na segunda parte apenas arpejos simples de pentatônicas e algumas notas repetidas. Existe um riff de C, C#, D ao final de cada frase na parte A e B da música.  Para a frase final do tema aparece um swing e pedal inspirado no tema Peep do saxofonista Michael Brecker, mas isso dura apenas 8 tempos, e então um final do tema com uma frase soberana aparece buscando a frase inicial para fechar a idéia. O primeiro solo surge com várias modulações, acordes com 7(b9) sem resoluçãoo caindo sempre um tom abaixo para um tom menor e não uma quinta abaixo como de costume. É o primeiro clima do solo, logo após uma harmonia com base em Dfrígio, com o baixo e bateria colados em um groove mais swingado, e já na terceira parte do solo uma harmonia modal com swing e walking bass. O inicio do solo de guitarra é um clima com o tempo desdobrado em completamente livre de harmonia, nenhuma intenção do tom de D menor deve aparecer na concepção do autor. Depois na segunda parte segue a mesma segunda parte do clima do primeiro solo de sax e depois no solo de piano segue a mesma terceira parte do solo de sax. Fastgroove é um apanhado de estilos e propostas de grooves, harmonias modais e melodias rápidas. Inspirado na fase jazz rock do trompetista Miles Davis.

 Tributo MB – Michael Brecker foi um dos saxofonistas que mais estudei. Sua técnica limpa e sua forma decisiva de tocar me impressionaram desde o primeiro momento que o escutei aos 14 anos. Sua contribuição desde os anos 70 para a divulgação do saxofone e suas possibilidades aguçou a percepção de um incontável número de saxofonistas e outros músicos.  Essa balada foi composta no período dos últimos meses de sua vida como forma de gratidão ao legado e importância dele em minha trajetória como saxofonista. 
A arte do disco foi concebida para retratar a alma das composições. A forte influência de ritmos brasileiros nas músicas tinha que estar impregnada também em todo o visual da capa e encarte.
E o que bem representa a cultura nordestina nas artes é o cordel, esse livreto cuja capa era feita com xilogravura e os textos impressos em tipografias.
Cada uma das composições possuía naturalmente seus signos e em conjunto com Ademir, traduziu-se esses elementos visuais que ficaram como complementos aos textos que falam das músicas.
A capa deveria fazer referência à xilogravura e toda a memória afetiva que ela nos traz. E assim foi concebida, com todos esses temperos: A arte nordestina, a tipografia manual, o cordel usado para se pendurar a literatura.
Fechou-se então o ciclo que iniciou-se na formação e influência musical nordestina e brasileira de Ademir Junior, a belíssimo resultado disso nas composições e execuções e na parte visual que retrata tudo isso, o músico envolto nesse universo.

Karina Santiago
Qualquer criança saudável improvisaria se lhe fosse permitido. Ao Juninho de treze anos quando o conheci, rodeado de admiradores frente à cantina do festival de Brasília, era, sim, permitido improvisar. Aprontava no seu clarinete, radiante em descobrir a música! Eu também. Nascidos em tempos e lugares bastante diferentes, compartilhamos da mesma alegria mostrando um ao outro os novos achados. (Nos domingos, ele me intimava à sua casa na Cidade Ocidental para conferir, nota por nota na ponta do lápis, o improviso do Coltrane que ele tinha gasto a semana para "tirar", por ouvido. Isso, em troca do carinho e do almoço com a família.) Eu, impressionado com sua assimilação, e ele, com minha exegese. O jovem interagia continuamente com os demais, músicos e amigos ao seu redor. Era a esponja que absorvia e repassava o que encontrava.

Seu novo registro que você tem na mão, revela familiaridade com os múltiplos ambientes musicais e culturas ao redor do mundo que Ademir Junior já degustou: desde as regiões próximas às mais remotas do Brasil, das Américas à África, da Europa ao Oriente. Fazer, em primeiro lugar. Conquistar, será mera decorrência. Reunir sons e amigos! Energia inesgotável.

Acompanhando-o ao longo de sua jornada, pude constatar sua admiração, no início pelas linhas de improviso, mais na frente pelo conteúdo harmônico e finalmente e mais e mais, pela soberania da melodia, da qual a harmonia é o leito onde flui. Inventar, improvisar e compor, sempre. E, finalmente realizar o arranjo, pelas mais diferentes formações instrumentais, do qual hoje é mestre.

Este CD conta sua história.
 
Ian Guest
Para mi ha sido un honor formar parte de este proyecto y Album "Sensacoes" dirigido por uno de los grande saxofonistas y músicos de nuestros tiempos, Ademir Junior.
Un interesante Album donde se mezclan diferentes textúras y estilos musicales, logrando una gran energia y belance entre el jazz, la múscia bracileña y World Music en general.
Tanto la brillante ejecucion de los solistas como el exelente y estable acompañamiento de la banda son geniales.
Recomiendo a todo músico a chequear este fabuloso Album "Sensacoes" pues estoy seguro que será todo un éxito.
Viva la buena Música!

Mario morejon "El Indio"
Aos meus mestres da música e da vida, pessoas especiais e iluminadas que foram cordiais, pacientes e motivadores em cada momento da minha carreira musical.

Às instituições Selmer Henri Paris, Vandoren, Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal. IPA (International Police Association), JK Produções Musicais.

Aos grandes e brilhantes músicos que participaram deste trabalho, Alex Carvalho, Hamilton Pinheiro, Marcelo Corrêa, Guilherme Santana, Moises Alves, Marcos Wander, Carlos Pial, Mario Morejon El Indio, Sidmar Vieira e Junior Ferreira.

Aos meus amigos Karina Santiago, Marcos Paulo e Felipe Araújo pelo grande trabalho em cada detalhe técnico deste álbum Rogério Prada Alves pela tradução dos textos.

Meus Pais Ademir e Regina, meus irmãos Ivan e Luciana pelo amor que recebemos e aprendemos a nos amar como família.

Minhas filhas Leticia, Larissa e Rayssa, por que são o meu tesouro e maior presente que recebi da Vida.

Kirla Pignaton, meu amor, companheira, produtora, coluna e equilíbrio em tudo que faço.
 
Patrocínio: Fundo de apoio a cultura (FAC) pelo prêmio Cassia Eller.